domingo, 30 de março de 2008

E o tempo veio de volta, as músicas asqueram-se, os musculos gelatinam-se, o coração pulsanameia-se. E todas as pessoas do mundo, de todas as ruas, perto de todos os postes pintados de amarelo, perto de todas as cantinas com cheiro de gordura, todas elas, impreterivelmente, ostentam em si o que não cabe a ti. Caminham nada solenes, nada esquisitas, perfeitamente a vontade no meio dessas relações humanas absurdas e congelantes. Poetinhas desgraçados, andar suavemente pela vida é coisa que não se ensina, nem se medica, nem se remedia. E meu coração, dentro dessa geléia geral, pulsa dum amor contestado. E vai se diminuindo, se timidizando-se, e ai me encontro, no cerne da tímida humilhação: a classe a que pertenço, a classe com a qual me identifico.

2 comentários:

Delon disse...

e agora?

Unknown disse...

Pra onde formam aqueles versos, os de flores-armas, os de música-revolução..
será que houveram?
será que foram ouvidos?

antes de tudo asquerar-se, tudo há de querer-se.